RESUMO.
INFORMATIVO 595 DO STJ.
SÚMULA N. 586. A exigência de acordo entre o
credor e o devedor na escolha do agente fiduciário aplica-se, exclusivamente,
aos contratos não vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação - SFH. Corte
Especial, aprovada em 19/12/2016, DJe 1/2/2017.
SEGUNDA SEÇÃO
PROCESSO
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REsp 1.570.655-GO, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, por
unanimidade, julgado em 23/11/2016, DJe 9/12/2016.
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RAMO DO DIREITO
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DIREITO
REGISTRAL
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TEMA
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Procedimento
de dúvida registral. Natureza administrativa. Impugnação por terceiro
interessado. Não cabimento de recurso especial.
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DESTAQUE
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Não
cabe recurso especial contra decisão proferida em procedimento de dúvida
registral, sendo irrelevantes a existência de litigiosidade ou o fato de o
julgamento emanar de órgão do Poder Judiciário, em função atípica.
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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
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A Segunda
Seção do STJ analisou, preliminarmente ao julgamento do mérito, o cabimento
do especial, na medida em que o recurso voltava-se contra decisão proferida
em procedimento de dúvida registral, cuja natureza administrativa é
expressamente assentada no art. 204 da Lei de Registros Públicos. Trata-se,
pois, de atividade atípica desempenhada pelo Poder Judiciário no controle de
legalidade dos atos praticados pelo delegatário da atividade estatal, em
caráter correcional. Não caracteriza prestação jurisdicional stricto
sensu, o que desautoriza a interposição de recurso especial para
julgamento nesta Corte Superior. De fato, a jurisprudência do STJ pacificou o
entendimento de que, enquanto representar mera consulta sobre questão formal
relativa ao pedido de registro ou averbação, não impugnada por terceiro ou
pelo Ministério Público, revela-se inequívoca a natureza administrativa do
procedimento de dúvida registral, inviabilizando a utilização dos recursos
excepcionais. Entretanto, colhiam-se alguns precedentes da Corte no sentido
de que, suscitada a dúvida pelo oficial – ou dúvida inversa, pelo próprio
interessado –, a eventual impugnação feita por terceiro qualificaria a
existência de um litígio e, portanto, uma "causa", viabilizando o
acesso à instância especial. Contudo, tratando-se de procedimento de
inequívoca natureza administrativa, circunscrito à análise de questões
formais do pedido de registro ou averbação, no escopo de garantir a higidez
do sistema e dos princípios do direito registral, não se está diante de
"causa decidida em única ou última instância", segundo o permissivo
constitucional (CF, art. 105, III). Cabe lembrar que nem mesmo haveria espaço
para a produção de provas, eventualmente necessárias para o exame de questões
mais complexas, que devem ser resolvidas pela via jurisdicional adequada. Por
sua vez, a "sentença" proferida em solução à dúvida suscitada pelo
oficial de registro de imóveis, conquanto homônima do ato processual previsto
no art. 203, § 1º, do CPC/2015, com ele não se confunde. Trata-se de ato
decisório administrativo que não se reveste das mesmas características, não
resultando de quaisquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487 do
CPC/2015 (arts. 267 e 269 do CPC/1973). Até mesmo o recurso previsto no art.
202 da LRP, a despeito do nomem juris que lhe deu o
legislador – idêntico ao recurso judicial previsto nos arts. 1.009 do
CPC/2015 e 513 do CPC/1973 –, tem natureza administrativa. Nesse aspecto,
qualquer que seja a decisão proferida no procedimento de dúvida, sobre ela
não pesarão os efeitos da coisa julgada judicial, sendo certo que a discussão
pode ser reaberta no campo jurisdicional, por meio de um processo
adequadamente instaurado, com ampla cognição e regular trâmite pelas
instâncias do Poder Judiciário. Em tais circunstâncias, admitir-se a via
recursal excepcional para o julgamento desse tipo de controvérsia poderia
resultar no acesso ao STJ para o exame de toda e qualquer irresignação contra
decisões proferidas por órgãos colegiados de tribunais em procedimentos puramente
administrativos, como, por exemplo, aqueles nos quais se delibera sobre a
aplicação de penalidade administrativa ou a que decide o desdobramento de
pensão de servidor falecido. Além disso, na medida em que a lei prevê a
natureza administrativa do procedimento até o seu “trânsito em julgado” (LRP,
arts. 204 e 203), a decisão proferida pelo STJ no julgamento do recurso
especial também estaria revestida dessa qualidade, de sorte que poderia ser
revista em primeiro grau de jurisdição, no julgamento de ação judicial
promovida pelo prejudicado, o que se revela incompatível com o sistema
judicial desenhado na Constituição. Não se sustenta, pois, a conclusão de que
a existência de litígio é suficiente para qualificar a "causa"
exigida pelo art. 105, III, da Lei Fundamental. Em verdade, o constituinte
originário estabeleceu estreita relação entre o conceito de "causa"
e a atividade jurisdicional stricto sensu (processo
judicial), não admitindo, absolutamente, a abertura da via recursal
excepcional para impugnar julgamento de conflito administrativo, ainda que
tenha sido realizado por órgão colegiado formado por membros do Poder
Judiciário, no exercício de atividade atípica – entendimento este também
adotado pelo Supremo Tribunal Federal (RE 254497, Rel. Min. Celso de Mello,
DJ 18/2/2000, p. 125).
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TERCEIRA TURMA
PROCESSO
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REsp 1.629.994-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, por
unanimidade, julgado em 6/12/2016, DJe 15/12/2016.
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RAMO DO DIREITO
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DIREITO
CIVIL
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TEMA
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Guarda
compartilhada. Não decretação. Possibilidades.
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DESTAQUE
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A
guarda compartilhada somente deixará de ser aplicada quando houver inaptidão
de um dos ascendentes para o exercício do poder familiar, fato que deverá ser
declarado, prévia ou incidentalmente à ação de guarda, por meio de decisão
judicial.
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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
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Consiste
a controvérsia em dizer se, à luz da atual redação do art. 1.584, II, § 2º,
do Código Civil, é possível ao julgador indeferir pedido de guarda
compartilhada sem a demonstração cabal de que um dos ex-cônjuges não está
apto a exercer o poder familiar. Inicialmente, importa declinar que a questão
relativa à imposição da guarda compartilhada, a partir do advento da nova
redação do art. 1.584, II, § 2º, do CC, deixou de ser facultativa para ser
regra impositiva. No que toca às possibilidades legais de não se fixar a
guarda compartilhada, apenas duas condições podem impedir-lhe a aplicação
obrigatória: a) a inexistência de interesse de um dos cônjuges; b) a
incapacidade de um dos genitores de exercer o poder familiar. A primeira assertiva
legal labora na linha do que é ululante, pois não se pode obrigar, sob vara,
um genitor, a cuidar de sua prole. Contudo, do mesmo vício – obviedade – não
padece a segunda condição, extraída, contrario sensu, do quanto
disposto no art. 1.584, § 2º, do CC. O texto de lei, feito com a melhor
técnica redacional, por trazer um elemento positivo: a condição necessária
para a guarda compartilhada, aponta, em via contrária, para a circunstância
que impedirá a imposição dessa mesma guarda compartilhada: a inaptidão para o
exercício do poder familiar. E aqui reside uma outra inovação neste texto
legal, de quilate comparável à própria imposição da guarda compartilhada, que
consiste na evidenciação dos únicos mecanismos admitidos em lei para se
afastar a imposição da guarda compartilhada: a suspensão ou a perda do poder
familiar. A suspensão por gerar uma inaptidão temporária para o exercício do
poder familiar (art. 1637 do CC); a perda por fixar o término do Poder
Familiar. Ocorre, porém, que ambas as situações exigem, pela relevância do
direito atingido, que haja uma prévia decretação judicial do fato,
circunstância que, pela íntima correlação com a espécie, também deverá ser
reproduzida nas tentativas de oposição à guarda compartilhada. É dizer, um
ascendente só poderá perder ou ter suspenso o seu poder/dever consubstanciado
no poder familiar por meio de uma decisão judicial e, só a partir dessa
decisão, perderá a condição essencial para lutar pela guarda compartilhada da
prole, pois deixará de ter aptidão para exercer o poder familiar. Essa
interpretação, que se extrai do texto legal, embora não crie uma exceção
objetiva à regra da peremptoriedade da guarda compartilhada, tem o mérito de
secundar o comando principal, pois se passa a exigir, para a não aplicação da
guarda compartilhada, um prévio ou incidental procedimento judicial
declarando a suspensão ou perda do poder familiar, com decisão judicial no
sentido da suspensão ou da perda.
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PROCESSO
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REsp 1.459.597-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, por
unanimidade, julgado em 1/12/2016, DJe 15/12/2016.
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RAMO DO DIREITO
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DIREITO
CIVIL
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TEMA
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Contrato
de convivência particular. Regulação das relações patrimoniais de forma
similar à comunhão universal de bens. Possibilidade.
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DESTAQUE
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É
válido, desde que escrito, o pacto de convivência formulado pelo casal no
qual se opta pela adoção da regulação patrimonial da futura relação como
símil ao regime de comunhão universal, ainda que não tenha sido feito por
meio de escritura pública.
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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
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Cinge-se
a controvérsia em dizer se o contrato de convivência estatuído entre as
partes, sem registro público, dispondo sobre o estabelecimento de união
estável e regulando as relações patrimoniais de forma similar à comunhão universal,
é válido, notadamente no que toca à comunhão universal dos bens.
Inicialmente, cumpre esclarecer que aos conviventes foi outorgada liberdade
para acordar sobre as relações patrimoniais do casal, podendo firmar contrato
particular de convivência, desde que pautado nos requisitos de validade do
negócio jurídico regulado pelo art. 104 do Código Civil: capacidade dos
agentes, ocorrência de vício de vontade ou vício social, licitude do objeto e
forma prescrita em lei. Quanto a esse último requisito – que para o Tribunal
de origem deixou de ser observado, porquanto entendeu que incidiria, à
espécie, o disposto no art. 1.640 do CC, quanto à obrigatoriedade de
escritura pública –, é de se anotar que, diferentemente do que ocorreu na
regulação do regime de bens dentro do casamento, o Código Civil, no que toca
aos conviventes, fixou a exigência de contrato escrito para fazer a vontade
destes, ou a incidência do regime de comunhão parcial de bens, na hipótese de
se quedarem silentes quanto à regulação das relações patrimoniais. Em que
pese a válida preocupação de se acautelar, via escritura pública, tanto a
própria manifestação de vontade dos conviventes quanto possíveis interesses
de terceiros, é certo que o julgador não pode criar condições onde a lei
estabeleceu o singelo rito do contrato escrito. Nesse particular, é
significativo destacar que nem a regulação do registro de uniões estáveis por
oficial de registro civil das pessoas naturais, feita pelo CNJ, por meio do
Provimento 37/14, exige que a união seja averbada no registro imobiliário
correspondente ao dos bens dos conviventes. Assim, se atendidos os requisitos
de validade do negócio jurídico entabulado, o contrato de convivência é
válido.
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PROCESSO
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REsp 1.482.565-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por
unanimidade, julgado em 6/12/2016, DJe 15/12/2016.
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RAMO DO DIREITO
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DIREITO CIVIL
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TEMA
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Locação de imóvel. Cumprimento de sentença. Fiança limitada. Extensão
da garantia aos honorários sucumbenciais. Necessidade de interpretação
restrita.
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DESTAQUE
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As disposições relativas à fiança devem ser interpretadas de forma
restritiva, razão pela qual, nos casos em que ela é limitada, a
responsabilidade do outorgante não pode estender-se senão à concorrência dos
precisos limites nela indicados.
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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
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A discussão trazida nos autos restringiu-se em saber se os honorários
advocatícios estão ou não incluídos no conceito de "despesas
judiciais" previsto no art. 822 do Código Civil, o qual dispõe que,
"não sendo limitada, a fiança compreenderá todos os acessórios da dívida
principal, inclusive as despesas judiciais, desde a citação do fiador".
Com efeito, mais importante que definir se os honorários advocatícios são ou
não espécie do gênero "despesas judiciais" – o que poderia alterar
o desfecho da lide em função da opção doutrinária a ser seguida –
considerou-se essencial perquirir, com vistas à adequada solução da causa,
sobre os limites da responsabilidade decorrente de fiança limitada. Tem-se,
da literalidade do art. 822 do CC, que a fiança pode ser ilimitada, caso em
que alcançará a integralidade da obrigação, inclusive, com os acessórios da
dívida principal (multa contratual, juros de mora e atualização monetária),
ou, então, limitada, isto é, quando as partes estipulam, por meio de contrato,
sobre que parcela da obrigação o fiador irá se responsabilizar, em caso de
inadimplemento do afiançado. Como contrato benéfico que é (CC, art. 114),
"a fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação
extensiva" (CC, art. 819), devendo ser interpretada da maneira mais
favorável ao fiador. Também quanto aos limites quantitativos da fiança,
decorre do art. 823 que a garantia pode ser pactuada para produzir efeitos
sobre valor inferior ao da obrigação principal, já que lhe é acessória, além
de ser possível ser contraída, inclusive, em condições menos onerosas.
Considerando, ainda, a natureza secundária do contrato de fiança, o qual,
além de ser constituído de forma acessória é, por essência, subsidiário, para
que o fiador assuma o lugar do devedor principal quando a obrigação não for
cumprida, inclusive no que se refere aos honorários advocatícios, haverá a
necessidade de previsão indene de dúvida nesse sentido. A responsabilidade do
fiador, portanto, restringe-se aos termos do que for pactuado no contrato,
não havendo nenhuma obrigação de que a fiança tenha que corresponder,
necessariamente, à integralidade da dívida.
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PROCESSO
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REsp 1.321.263-PR, Rel. Min. Moura Ribeiro, por unanimidade,
julgado em 6/12/2016, DJe 15/12/2016.
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RAMO DO DIREITO
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DIREITO
EMPRESARIAL
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TEMA
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Dissolução
parcial de sociedade anônima. Possibilidade. Inexistência de lucros e não
distribuição de dividendos há vários anos. Princípio da preservação da
empresa.
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DESTAQUE
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É
possível que sociedade anônima de capital fechado, ainda que não formada por
grupos familiares, seja dissolvida parcialmente quando, a despeito de não
atingir seu fim – consubstanciado no auferimento de lucros e na distribuição
de dividendos aos acionistas –, restar configurada a viabilidade da
continuação dos negócios da companhia.
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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
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A
questão controvertida em debate visa definir se é possível a dissolução
parcial de sociedade anônima de capital fechado por não atingir seu fim (art.
206, II, b, da Lei nº 6.404/76), consubstanciado no auferimento de lucros e
na distribuição de dividendos aos acionistas. As sociedades são classificadas
como de pessoas e de capitais, a depender da relevância dos sócios para a sua
formação. Daí resulta o caráter intuito personae das
sociedades limitadas, em que prevalece o relacionamento pessoal dos sócios e
a confiança entre eles, em contraposição ao caráter intuito pecunae das
sociedades anônimas, preponderando a contribuição pecuniária dos seus
integrantes. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de ser possível
a dissolução parcial de sociedades que concentram na pessoa de seus sócios um
de seus elementos preponderantes, partindo-se do pressuposto de que as
sociedades anônimas de capital fechado são, em sua maioria, formadas por
grupos familiares, constituídas intuito personae. Nesses casos, o
rompimento da affectio societatis representa verdadeiro
impedimento a que a companhia continue a realizar o seu fim social, motivo
que levou a Segunda Seção a adotar a orientação de que é possível a
dissolução parcial da sociedade anônima de capital fechado (EREsp
1.079.763/SP, Segunda Seção, DJe 6/9/2012; EREsp 111.294/PR, Segunda Seção,
DJe 10/9/2007). No entanto, os precedentes desbordam da hipótese em que a
sociedade não é um grupo familiar, tratando-se, pois, de sociedade de
capital, com nítido intuito pecunae, composta por investidores
institucionais. A finalidade lucrativa é da essência da sociedade por ações,
consoante se extrai do art. 2º da Lei nº 6.404/76. Ausente o lucro, fica
autorizada a dissolução da sociedade anônima por decisão judicial quando
provado que ela não consegue preencher o seu fim, em ação ajuizada por
acionistas que representem 5% ou mais do capital social, nos termos do art.
206, II, b, da Lei nº 6.404/76. Anote-se a existência de julgado
da Terceira Turma (REsp 247.002/RJ, DJe 25/03/2002) em que se entendeu que o
fato da sociedade anônima ser de capital fechado e não ser unida por vínculos
de natureza pessoal impossibilita sua dissolução parcial tão somente por não
distribuir dividendos por razoável lapso temporal, mas que, todavia, não se
assemelha à hipótese sob análise, uma vez que no precedente foi comprovado
por prova pericial a impossibilidade de percepção de lucros a curto prazo. Na
concepção de doutrina, a Lei nº 6.404/76 acolheu o princípio da preservação
da empresa em seus arts. 116 e 117, por adotar a prevalência da função social
e comunitária da companhia e por caracterizar como abuso de poder do
controlador a liquidação de companhia próspera. A dissolução parcial, além de
resguardar o interesse público na manutenção das empresas e geração de
empregos, visa proteger o interesse dos demais acionistas, contrários à sua
dissolução. Com efeito, não seria plausível a extinção da sociedade por
sócios que representam pouco mais de 10% das ações da companhia, como é o
caso dos autos. Por fim, crave-se que a dissolução parcial constitui solução
menos gravosa, assegurando aos acionistas que entendem ser possível uma reviravolta
na sorte da companhia a continuação de suas atividades.
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PROCESSO
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REsp 1.602.240-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por
unanimidade, julgado em 6/12/2016, DJe 15/12/2016.
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RAMO DO DIREITO
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DIREITO
EMPRESARIAL
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TEMA
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Dissolução
parcial e extrajudicial da sociedade limitada constituída por tempo
indeterminado. Direito de recesso. Momento da apuração dos haveres.
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DESTAQUE
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Na
hipótese em que o sócio de sociedade limitada constituída por tempo
indeterminado exerce o direito de retirada por meio de inequívoca e
incontroversa notificação aos demais sócios, a data-base para apuração de
haveres é o termo final do prazo de sessenta dias, estabelecido pelo art.
1.029 do CC/02.
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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
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Ao
disciplinar o direito societário, o Código Civil de 2002 incorporou ao
direito nacional o entendimento, já sedimentado na jurisprudência, de que o
vínculo associativo não poderia ser imposto ao sócio que desejasse se retirar
de sociedade constituída por prazo indeterminado, ainda que ausente a
imposição de alteração contratual. Nesse rumo, excluídas as sociedades de
capitais que seguem reguladas pela Lei n. 6.404/1976, o art. 1.029 do CC/2002
assegurou, de forma expressa, a possibilidade de retirada voluntária de
sócios dos demais tipos societários, mediante a mera notificação da empresa,
respeitado o prazo de sessenta dias de antecedência mínima. Constitui-se,
portanto, a retirada em direito potestativo positivado em favor de cada
sócio, individualmente considerado e uma vez exercido e respeitado o prazo de
antecedência da notificação, opera-se plenamente a resilição do vínculo
associativo individual, sujeitando os demais sócios e a empresa,
independentemente de anuência ou de intervenção judicial. Nas hipóteses em
que é regularmente exercido o direito de retirada, a apuração dos haveres
deve sempre observar como marco temporal a data da resolução do contrato
societário. É o que determina o art. 1.031, caput, do CC/02. A
existência de farta jurisprudência desta Corte Superior no sentido de
considerar resolvida a sociedade na data da propositura da ação de dissolução
não contraria a conclusão no sentido de que a resolução de sociedade em
testilha ocorre após os sessenta dias contados da notificação extrajudicial.
Isso porque os precedentes existentes cuidaram de decidir causas em que a
própria resolução da sociedade era fato controverso nos autos – mesmo porque
a dissolução de sociedade em razão da pretensão do sócio de retirar-se
somente se fazia por meio da via processual antes do atual Código Civil.
Todavia, a regra de direito extraída desses precedentes já atentava para a
relevância do ato de comunicação do interesse de retirar-se, consubstanciado
na propositura da demanda na sistemática legal anterior. Dessa forma,
reconhece-se como data-base para a apuração de haveres o término do prazo
legal, data em que houve o efetivo desligamento de sócio retirante em relação
à sociedade.
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PROCESSO |
REsp 1.318.281-PE, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, por unanimidade, julgado em 1/12/2016, DJe 7/12/2016.
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RAMO DO DIREITO | DIREITO CIVIL |
TEMA |
Matrimônio constituído na vigência do Código Civil de 1916. Separação de bens. Nubente varão contando com mais de 60 anos. União estável duradoura iniciada antes de tal idade. Desnecessidade da proteção ao idoso. Alcance teleológico do instituto protetivo.
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DESTAQUE |
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A proteção matrimonial conferida ao noivo, nos termos do artigo 258, parágrafo único, inciso II, do Código Civil de 1.916 não se revela necessária quando o enlace for precedido de longo relacionamento em união estável, que se iniciou quando os cônjuges não tinham restrição legal à escolha do regime de bens.
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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR |
Cingiu-se a discussão em definir a obrigatoriedade do regime de separação de bens dispensada ao noivo varão que, ao contrair matrimônio, não obstante contar com mais de 60 anos de idade, era parte de união estável consensual e duradoura há mais de 15 anos. O artigo 258, parágrafo único, II, do CC/16 – vigente à época dos fatos – previa como sendo obrigatório o regime de separação total de bens quando o casamento envolvesse noivo maior de sessenta ou noiva maior de cinquenta anos e tinha por objetivo a proteção do idoso e seus herdeiros necessários dos casamentos realizados por interesse estritamente econômico. Com o advento do CC/2002, a restrição foi também estabelecida para nubentes de ambos os sexos maiores de sessenta anos, posteriormente alterada pela Lei n. 12.334/2010 para alcançar apenas os maiores de setenta anos. Não obstante argumentações existentes a respeito da constitucionalidade do regramento em debate, tem-se por suficiente a interpretação teleológica da norma para a solução do caso concreto. Sendo assim, se a convivência entre os nubentes se fazia sólida, em união estável, duradoura e consensual, não há que se falar na necessidade de proteção do idoso para obstar vínculo conjugal por interesse exclusivamente econômico. Destaca-se, ainda, que acatar fundamentação contrária, além de ir de encontro à teleologia do instituto, acarretaria incoerência jurídica e lógica, visto que, durante o período de união estável, o regime vigente era o de comunhão parcial, de modo que, ao optar pela contração do matrimônio, não faria sentido impor regime mais gravoso, qual seja, o da separação, sob pena de estimular a permanência na relação informal e penalizar aqueles que buscassem maior reconhecimento e proteção por parte do Estado, impossibilitando a oficialização do matrimônio.
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PROCESSO |
REsp 1.178.768-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, por unanimidade, julgado em 1/12/2016, DJe 7/12/2016.
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RAMO DO DIREITO | DIREITO DO CONSUMIDOR |
TEMA |
Responsabilidade de sociedade mantenedora de cadastros restritivos de crédito por anotações indevidas de dados. Poder de polícia do Banco Central sobre a atividade relativa a cadastro de devedores.
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DESTAQUE |
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O Banco Central não possui atribuição para fiscalizar as atividades desenvolvidas pelo Serasa S.A., entidade que não se qualifica como instituição financeira.
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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR |
A discussão trazida no recurso especial tratou da existência de atribuição, por parte do Banco Central do Brasil, para o exercício de fiscalização sobre a atividade da Serasa. Inicialmente destacou-se que a Serasa S.A. é sociedade que mantém cadastro de consumidores cujos dados interessam a seus associados como elementos necessários ao estudo de risco para as operações relativas a concessão de crédito. Os associados, sim, podem ser instituições financeiras, mas a Serasa só organiza o cadastro, sem interferir direta ou indiretamente no deferimento do financiamento. Não se trata, portanto, de instituição financeira, cujo conceito é dado pelo art. 17 da Lei 4.595/64. Não exerce coleta, intermediação nem aplicação de recursos financeiros próprios ou terceiros, nem a custódia de valor de propriedade de terceiros, seja como atividade principal ou acessória. Nem mesmo o fato de que a Serasa tem atividade ligada a interesses dos bancos torna aceitável a interpretação de que equivale a instituição financeira. Afastada a natureza financeira do órgão mantenedor do cadastro de inadimplentes, descarta-se a incidência dos incisos VI e IX do art. 10 da Lei 4.595/64, que tratam da competência do Banco Central para exercer o controle sobre o crédito e a fiscalização das instituições financeiras. A interpretação de que a Serasa seria instituição financeira (inciso IX), bem como a de que o controle do crédito sob todas as suas formas (inciso VI) cobre a atividade dessa sociedade, é muito extensiva e prejudica a garantia do administrado de que os órgãos da Administração Pública só agem nos estritos limites da legalidade. Assim, essa fiscalização, que nada mais seria do que o exercício do poder de polícia, não pode ser exercida pelo Banco Central - nem pela Administração Pública, diga-se - sem o respectivo respaldo legal, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade (Constituição da República, art. 37, caput)
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