Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa
jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar
com os encargos processuais. Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, em
28/6/2012.
A falta de ajuizamento da ação principal no prazo
do art. 806 do CPC acarreta a perda da eficácia da liminar deferida e a extinção
do processo cautelar. Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, em 28/6/2012.
SÚMULA n. 485
A Lei de Arbitragem aplica-se aos contratos que
contenham cláusula arbitral, ainda que celebrados antes da sua edição.
Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, em 28/6/2012.
SÚMULA n. 486
É impenhorável o único imóvel residencial do
devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação
seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família. Rel.
Min. Cesar Asfor Rocha, em 28/6/2012.
SÚMULA n. 479
As instituições financeiras respondem
objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e
delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias. Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, em 27/6/2012
RECURSO REPETITIVO. CAPITALIZAÇÃO DE
JUROS. PERIODICIDADE INFERIOR A UM ANO. PACTUAÇÃO. CONTRATO BANCÁRIO.
Trata-se de REsp sob o regime do
art. 543-C do CPC e Res. n. 8/2008-STJ no qual a Seção, ratificando a sua
jurisprudência, entendeu que é permitida a capitalização de juros com
periodicidade inferior a um ano em contratos celebrados após 31 de março de
2000, data da publicação da MP 1.963-17/2000, em vigor como MP 2.170-36/2001,
desde que expressamente pactuada, bem como, por maioria, decidiu que a previsão
no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é
suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada. A Min.
Maria Isabel Gallotti, em seu voto-vista, esclareceu que, na prática, isso
significa que os bancos não precisam incluir nos contratos cláusula com redação
que expresse o termo “capitalização de juros” para cobrar a taxa efetiva
contratada, bastando explicitar com clareza as taxas cobradas. A cláusula com o
termo “capitalização de juros” será necessária apenas para que, após vencida a
prestação sem o devido pagamento, o valor dos juros não pagos seja incorporado
ao capital para o efeito de incidência de novos juros. Destacando que cabe ao
Judiciário analisar a cobrança de taxas abusivas que consistem no excesso de
taxa de juros em relação ao cobrado no mercado financeiro. REsp 973.827-RS, Rel. originário Min. Luis Felipe Salomão, Rel.
para o acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
27/6/2012.
REDES SOCIAIS. MENSAGEM OFENSIVA. REMOÇÃO. PRAZO.
A Turma entendeu que, uma vez notificado de que
determinado texto ou imagem possui conteúdo ilícito, o provedor deve retirar o
material do ar no prazo de 24 horas, sob pena de responder solidariamente com o
autor direto do dano, pela omissão praticada. Consignou-se que, nesse prazo (de
24 horas), o provedor não está obrigado a analisar o teor da denúncia recebida,
devendo apenas promover a suspensão preventiva das respectivas páginas, até que
tenha tempo hábil para apreciar a veracidade das alegações, de modo que,
confirmando-as, exclua definitivamente o perfil ou, tendo-as por infundadas,
restabeleça o seu livre acesso. Entretanto, ressaltou-se que o diferimento da
análise do teor das denúncias não significa que o provedor poderá postergá-la
por tempo indeterminado, deixando sem satisfação o usuário cujo perfil venha a
ser provisoriamente suspenso. Assim, frisou-se que cabe ao provedor, o mais
breve possível, dar uma solução final para o caso, confirmando a remoção
definitiva da página de conteúdo ofensivo ou, ausente indício de ilegalidade,
recolocá-la no ar, adotando, na última hipótese, as providências legais cabíveis
contra os que abusarem da prerrogativa de denunciar. Por fim, salientou-se que,
tendo em vista a velocidade com que as informações circulam no meio virtual, é
indispensável que sejam adotadas, célere e enfaticamente, medidas tendentes a
coibir a divulgação de conteúdos depreciativos e aviltantes, de sorte a reduzir
potencialmente a disseminação do insulto, a fim de minimizar os nefastos efeitos
inerentes a dados dessa natureza. REsp 1.323.754-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
19/6/2012.
CLÁUSULA PENAL. REDUÇÃO. ADIMPLEMENTO PARCIAL.
Na hipótese, cuidou-se de contrato de autorização
para uso de imagem celebrado entre um atleta e sociedade empresária no ramo
esportivo. Ocorre que, no segundo período de vigência do contrato, a sociedade
empresária cumpriu apenas metade da avença , o que ocasionou a rescisão
contratual e a condenação ao pagamento de multa rescisória. Assim, a
quaestio juris está na possibilidade de redução da cláusula penal (art.
924 do CC/1916), tendo em vista o cumprimento parcial do contrato. Nesse
contexto, a Turma entendeu que, cumprida em parte a obrigação, a regra contida
no mencionado artigo deve ser interpretada no sentido de ser possível a redução
do montante estipulado em cláusula penal, sob pena de legitimar-se o
locupletamento sem causa. Destacou-se que, sob a égide desse Codex, já
era facultada a redução da cláusula penal no caso de adimplemento parcial da
obrigação, a fim de evitar o enriquecimento ilícito. Dessa forma, a redução da
cláusula penal preserva a função social do contrato na medida em que afasta o
desequilíbrio contratual e seu uso como instrumento de enriquecimento sem causa.
Ademais, ressaltou-se que, no caso, não se trata de redução da cláusula penal
por manifestamente excessiva (art. 413 do CC/2002), mas de redução em razão do
cumprimento parcial da obrigação, autorizada pelo art. 924 do CC/1916. In
casu, como no segundo período de vigência do contrato houve o cumprimento
de apenas metade da avença, fixou-se a redução da cláusula penal para 50% do
montante contratualmente previsto. Precedentes citados: AgRg no Ag 660.801-RS,
DJ 1º/8/2005; REsp 400.336-SP, DJ 14/10/2002; REsp 11.527-SP, DJ 11/5/1992; REsp
162.909-PR, DJ 10/8/1998, e REsp 887.946-MT, DJe 18/5/2011. REsp 1.212.159-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em
19/6/2012
EXECUÇÃO. LEGITIMIDADE ATIVA. ADMINISTRADORA DE IMÓVEIS. ALUGUÉIS INADIMPLIDOS.
A administradora de imóveis não é parte legítima para ajuizar ação de execução de créditos referentes a contrato de locação, pois é apenas representante do proprietário, e não substituta processual. Assim, no caso, a imobiliária carece de legitimidade ativa para postular, em nome próprio, os aluguéis inadimplidos, que compõem o patrimônio do proprietário. REsp 1.252.620-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/6/2012.
ADOÇÃO PÓSTUMA. FAMÍLIA ANAPARENTAL.
Para as adoções post mortem, vigem, como
comprovação da inequívoca vontade do de cujus em adotar, as mesmas
regras que comprovam a filiação socioafetiva, quais sejam, o tratamento do menor
como se filho fosse e o conhecimento público dessa condição. Ademais, o § 6º do
art. 42 do ECA (incluído pela Lei n. 12.010/2009) abriga a possibilidade de
adoção póstuma na hipótese de óbito do adotante no curso do respectivo
procedimento, com a constatação de que ele manifestou, em vida, de forma
inequívoca, seu desejo de adotar. In casu, segundo as instâncias
ordinárias, verificou-se a ocorrência de inequívoca manifestação de vontade de
adotar, por força de laço socioafetivo preexistente entre adotante e adotando,
construído desde quando o infante (portador de necessidade especial) tinha
quatro anos de idade. Consignou-se, ademais, que, na chamada família anaparental
– sem a presença de um ascendente –, quando constatados os vínculos subjetivos
que remetem à família, merece o reconhecimento e igual status daqueles
grupos familiares descritos no art. 42, § 2º, do ECA. Esses elementos subjetivos
são extraídos da existência de laços afetivos – de quaisquer gêneros –, da
congruência de interesses, do compartilhamento de ideias e ideais, da
solidariedade psicológica, social e financeira e de outros fatores que, somados,
demonstram o animus de viver como família e dão condições para se
associar ao grupo assim construído a estabilidade reclamada pelo texto da lei.
Dessa forma, os fins colimados pela norma são a existência de núcleo familiar
estável e a consequente rede de proteção social que pode gerar para o adotando.
Nesse tocante, o que informa e define um núcleo familiar estável são os
elementos subjetivos, que podem ou não existir, independentemente do estado
civil das partes. Sob esse prisma, ressaltou-se que o conceito de núcleo
familiar estável não pode ficar restrito às fórmulas clássicas de família, mas
pode, e deve, ser ampliado para abarcar a noção plena apreendida nas suas bases
sociológicas. Na espécie, embora os adotantes fossem dois irmãos de sexos
opostos, o fim expressamente assentado pelo texto legal – colocação do adotando
em família estável – foi plenamente cumprido, pois os irmãos, que viveram sob o
mesmo teto até o óbito de um deles, agiam como família que eram, tanto entre si
como para o infante, e naquele grupo familiar o adotando se deparou com relações
de afeto, construiu – nos limites de suas possibilidades – seus valores sociais,
teve amparo nas horas de necessidade físicas e emocionais, encontrando naqueles
que o adotaram a referência necessária para crescer, desenvolver-se e inserir-se
no grupo social de que hoje faz parte. Dessarte, enfatizou-se que, se a lei tem
como linha motivadora o princípio do melhor interesse do adotando, nada mais
justo que a sua interpretação também se revista desse viés.
REsp
1.217.415-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 19/6/2012
ARRENDAMENTO MERCANTIL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL.
Trata-se de REsp oriundo de ação de reintegração de posse ajuizada pela ora recorrente em desfavor do recorrido por inadimplemento de contrato de arrendamento mercantil (leasing) para a aquisição de 135 carretas. A Turma reiterou, entre outras questões, que, diante do substancial adimplemento do contrato, qual seja, foram pagas 30 das 36 prestações da avença, mostra-se desproporcional a pretendida reintegração de posse e contraria princípios basilares do Direito Civil, como a função social do contrato e a boa-fé objetiva. Ressaltou-se que a teoria do substancial adimplemento visa impedir o uso desequilibrado do direito de resolução por parte do credor, preterindo desfazimentos desnecessários em prol da preservação da avença, com vistas à realização dos aludidos princípios. Assim, tendo ocorrido um adimplemento parcial da dívida muito próximo do resultado final, daí a expressão “adimplemento substancial”, limita-se o direito do credor, pois a resolução direta do contrato mostrar-se-ia um exagero, uma demasia. Dessa forma, fica preservado o direito de crédito, limitando-se apenas a forma como pode ser exigido pelo credor, que não pode escolher diretamente o modo mais gravoso para o devedor, que é a resolução do contrato. Dessarte, diante do substancial adimplemento da avença, o credor poderá valer-se de meios menos gravosos e proporcionalmente mais adequados à persecução do crédito remanescente, mas não a extinção do contrato. Precedentes citados: REsp 272.739-MG, DJ 2/4/2001; REsp 1.051.270-RS, DJe 5/9/2011, e AgRg no Ag 607.406-RS, DJ 29/11/2004. REsp 1.200.105-AM, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 19/6/2012.
RESPONSABILIDADE CIVIL. PRESCRIÇÃO. SUSPENSÃO. ACIDENTE DE TRÂNSITO.
A independência entre os juízos cíveis e criminais
(art. 935 do CC) é apenas relativa, pois existem situações em que a decisão
proferida na esfera criminal pode interferir diretamente naquela proferida no
juízo cível. O principal efeito civil de uma sentença penal é produzido pela
condenação criminal, pois a sentença penal condenatória faz coisa julgada no
cível. Porém, não apenas se houver condenação criminal, mas também se ocorrerem
algumas situações de absolvição criminal, essa decisão fará coisa julgada no
cível. Entretanto, o CPC autoriza (art. 265, IV) a suspensão do processo, já que
é comum as duas ações tramitarem paralelamente. Dessa forma, o juiz do processo
cível pode suspendê-lo até o julgamento da ação penal por até um ano. Assim,
situa-se nesse contexto a regra do art. 200 do CC, ao obstar o transcurso do
prazo prescricional antes da solução da ação penal. A finalidade dessa norma é
evitar soluções contraditórias entre os juízos cíveis e criminais, especialmente
quando a solução do processo penal seja determinante do resultado do cível.
Sendo assim, permite-se à vítima aguardar a solução da ação penal para, apenas
depois, desencadear a demanda indenizatória na esfera cível. Por isso, é
fundamental que exista processo penal em curso ou, pelo menos, a tramitação de
inquérito policial até o seu arquivamento. In casu, cuidou-se, na
origem, de ação de reparação de danos derivados de acidente de trânsito
(ocorrido em 26/8/2002) proposta apenas em 7/2/2006, em que o juízo singular
reconheceu a ocorrência da prescrição trienal (art. 206 do CC), sendo que o
tribunal a quo afastou o reconhecimento da prescrição com base no art.
200 do CC, por considerar que deveria ser apurada a lesão corporal culposa no
juízo criminal. Porém, segundo as instâncias ordinárias, não foi instaurado
inquérito policial, tampouco iniciada a ação penal. Assim, não se estabeleceu a
relação de prejudicialidade entre a ação penal e a ação indenizatória em torno
da existência de fato que devesse ser apurado no juízo criminal como exige o
texto legal (art. 200 do CC). Portanto, não ocorreu a suspensão ou óbice da
prescrição da pretensão indenizatória prevista no art. 200 do CC, pois a
verificação da circunstância fática não era prejudicial à ação indenizatória,
até porque não houve a representação do ofendido e, consequentemente, a
existência e recebimento de denúncia. Precedentes citados: REsp 137.942-RJ, DJ
2/3/1998; REsp 622.117-PR, DJ 31/5/2004; REsp 920.582-RJ, DJe 24/11/2008, e REsp
1.131.125-RJ, DJe 18/5/2011. REsp
1.180.237-MT, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 19/6/2012.
EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. APLICABILIDADE DO ART. 475-J DO CPC.
A Turma decidiu ser possível a cobrança de verbas alimentares pretéritas mediante cumprimento de sentença (art. 475-J do CPC). Sustentou-se que, após a reforma processual promovida pela Lei n. 11.232/2005, em que se buscou a simplificação do processo de execução, há de se conferir ao artigo 732 do CPC – que prevê rito especial para a satisfação de créditos alimentares – interpretação consoante a urgência e a importância da execução de alimentos. Assim, tendo como escopo conferir maior celeridade à entrega na prestação jurisdicional, devem ser aplicadas às execuções de alimentos as regras do cumprimento de sentença estabelecidas no art. 475-J do CPC. REsp 1.177.594-RJ, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 21/6/2012.
CONTRATO DE SEGURO. CLÁUSULA ABUSIVA. NÃO OBSERVÂNCIA DO DEVER DE INFORMAR.
A Turma decidiu que, uma vez reconhecida a falha no dever geral de informação, direito básico do consumidor previsto no art. 6º, III, do CDC, é inválida cláusula securitária que exclui da cobertura de indenização o furto simples ocorrido no estabelecimento comercial contratante. A circunstância de o risco segurado ser limitado aos casos de furto qualificado (por arrombamento ou rompimento de obstáculo) exige, de plano, o conhecimento do aderente quanto às diferenças entre uma e outra espécie – qualificado e simples – conhecimento que, em razão da vulnerabilidade do consumidor, presumidamente ele não possui, ensejando, por isso, o vício no dever de informar. A condição exigida para cobertura do sinistro – ocorrência de furto qualificado –, por si só, apresenta conceituação específica da legislação penal, para cuja conceituação o próprio meio técnico-jurídico encontra dificuldades, o que denota sua abusividade. REsp 1.293.006-SP, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 21/6/2012
INTERNET. PROVEDOR DE PESQUISA. FILTRAGEM PRÉVIA. RESTRIÇÃO DOS RESULTADOS. DIREITO À INFORMAÇÃO.
A filtragem do conteúdo das pesquisas feitas por
cada usuário não constitui atividade intrínseca ao serviço prestado pelos
provedores de pesquisa, de modo que não se pode reputar defeituoso, nos termos
do art. 14 do CDC, o site que não exerce esse controle sobre os
resultados das buscas. Assim, não é possível, sob o pretexto de dificultar a
propagação de conteúdo ilícito ou ofensivo na web, reprimir o direito
da coletividade à informação. Isso porque os provedores de pesquisa não podem
ser obrigados a eliminar do seu sistema os resultados derivados da busca de
determinado termo ou expressão, tampouco os resultados que apontem para uma foto
ou texto específico, independentemente da indicação do URL da página onde este
estiver inserido. Os provedores de pesquisa realizam suas buscas dentro de um
universo virtual, cujo acesso é público e irrestrito, ou seja, seu papel
restringe-se à identificação de páginas na web onde determinado dado ou
informação, ainda que ilícito, estão sendo livremente veiculados. Dessa forma,
ainda que seus mecanismos de busca facilitem o acesso e a consequente divulgação
de páginas cujo conteúdo seja potencialmente ilegal, fato é que essas páginas
são públicas e compõem a rede mundial de computadores e, por isso, aparecem no
resultado dos sites de pesquisa. Além disso, sopesados os direitos
envolvidos e o risco potencial de violação de cada um deles, deve sobrepor-se a
garantia da liberdade de informação assegurada pelo art. 220, § 1º, da CF,
sobretudo considerando que a internet representa importante veículo de
comunicação social de massa. E, uma vez preenchidos os requisitos indispensáveis
à exclusão da web de uma determinada página virtual sob a alegação de
veicular conteúdo ilícito ou ofensivo – notadamente a identificação do URL dessa
página –, a vítima carecerá de interesse de agir contra o provedor de pesquisa,
por absoluta falta de utilidade da jurisdição. Se a vítima identificou, via URL,
o autor do ato ilícito, não tem motivo para demandar contra aquele que apenas
facilita o acesso a esse ato que, até então, encontra-se publicamente disponível
na rede para divulgação. REsp
1.316.921-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 26/6/2012.
DANO MORAL. DIREITO DE VIZINHANÇA. INFILTRAÇÃO.
É devido o pagamento de indenização por dano moral
pelo responsável por apartamento de que se origina infiltração não reparada por
longo tempo por desídia, a qual provocou constante e intenso sofrimento
psicológico ao vizinho, configurando mais do que mero transtorno ou
aborrecimento. Salientou-se que a casa é, em princípio, lugar de sossego e
descanso, não podendo, portanto, considerar de somenos importância os
constrangimentos e aborrecimentos experimentados pela recorrente em razão do
prolongado distúrbio da tranquilidade nesse ambiente – ainda mais quando foi
claramente provocado por conduta culposa da recorrida e perpetuado por sua
inércia e negligência em adotar providência simples, como a substituição do
rejunte do piso de seu apartamento. De modo que tal situação não caracterizou um
mero aborrecimento ou dissabor comum das relações cotidianas, mas, sim, situação
excepcional de ofensa à dignidade, passível de reparação por dano moral. Com
essas e outras considerações, a Turma deu provimento ao recurso, determinando o
retorno dos autos à origem a fim de que, incluída indenização por danos morais,
prossiga o julgamento da apelação da recorrente. Precedentes citados: REsp
157.580-AM, DJ 21/2/2000, e REsp 168.073-RJ, DJ 25/10/1999.
REsp
1.313.641-RJ, Rel. Min. Sidnei Beneti,
julgado em 26/6/2012.
EMBARGOS INFRINGENTES.
CABIMENTO.
O interesse do apelado em opor embargos
infringentes depende do provimento não unânime da apelação, com a necessária
modificação do mérito da sentença, independentemente da fundamentação adotada no
voto vencido. No caso, trata-se de ação para reparação de danos morais e
materiais formulada pelas filhas de vítima de disparo de arma de fogo em
shopping center. A sentença condenou a empresa ré ao pagamento de
indenização por dano moral e fixou pensão mensal em favor das autoras, além dos
honorários advocatícios. No julgamento das apelações, a sentença foi reformada
para diminuir o valor da pensão (pedido formulado pelo shopping center)
e aumentar os honorários advocatícios (pedido das autoras). Após esse
julgamento, foram interpostos recursos especiais por ambas as partes. Em
julgamento monocrático, o recurso especial das autoras da ação não foi conhecido
ao argumento de que a modificação do valor da pensão demandaria revolvimento de
matéria de fato, inviável na instância especial (enunciado da Súm. n. 7/STJ). Já
o recurso da empresa ré não foi conhecido por não ter exaurido a instância de
origem (enunciado da Súm. n. 281/STF), pois não foram opostos embargos
infringentes. A empresa opôs embargos de declaração da decisão monocrática de
não conhecimento do recurso especial e estes foram recebidos pelo Min. Relator
como agravo regimental, ao qual negava provimento. O Min. Marco Buzzi inaugurou
a divergência ao argumento de que, no caso, não seriam cabíveis os embargos
infringentes no tribunal de origem, pois o acórdão manteve a condenação fixada
em primeiro grau, apesar de ter sido em padrões diferentes dos da sentença. O
Min. ponderou que o cabimento dos embargos infringentes segundo o art. 530 do
CPC, com a redação dada pela Lei n. 10.352/2001, depende de julgamento colegiado
que reforme o mérito da sentença. Asseverou, ainda, que o voto vencido não
precisa ser idêntico à sentença, mas deve confirmar o seu resultado
independentemente das razões utilizadas. Além desses pontos, o Min. Marco Buzzi
aduziu que o eventual interesse recursal na oposição dos embargos infringentes
sempre será do apelado, nunca do apelante, pois o manejo do referido recurso
depende de provimento não unânime da apelação, nos moldes já mencionados. Dessa
forma, sendo apelante a empresa e considerando o conteúdo do acórdão recorrido,
não lhe seria exigível a oposição dos embargos infringentes antes da
interposição do recurso especial. Com esses e outros fundamentos, a Turma, por
maioria, deu provimento ao agravo regimental para desconstituir a decisão
monocrática que não conheceu dos recursos especiais. Precedentes citados: REsp
1.284.035-MS, julgado em 12/6/2012, e REsp 869.997-RS, DJe 17/11/2008.
EDcl no REsp
1.087.717-SP, Rel. originário Min.
Antonio Carlos Ferreira, Rel. para acórdão Min. Marco Buzzi, julgados em
19/6/2012.
FACTORING. OBTENÇÃO DE CAPITAL
DE GIRO. CDC.
A atividade de factoring não se submete
às regras do CDC quando não for evidente a situação de vulnerabilidade da pessoa
jurídica contratante. Isso porque as empresas de factoring não são
instituições financeiras nos termos do art. 17 da Lei n. 4.595/1964, pois os
recursos envolvidos não foram captados de terceiros. Assim, ausente o trinômio
inerente às atividades das instituições financeiras: coleta, intermediação e
aplicação de recursos. Além disso, a empresa contratante não está em situação de
vulnerabilidade, o que afasta a possibilidade de considerá-la consumidora por
equiparação (art. 29 do CDC). Por fim, conforme a jurisprudência do STJ, a
obtenção de capital de giro não está submetida às regras do CDC. Precedentes
citados: REsp 836.823-PR, DJe 23/8/2010; AgRg no Ag 1.071.538-SP, DJe 18/2/2009;
REsp 468.887-MG, DJe 17/5/2010; AgRg no Ag 1.316.667-RO, DJe 11/3/2011, e AgRg
no REsp 956.201-SP, DJe 24/8/2011. REsp 938.979-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
19/6/2012
ANULAÇÃO. COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. TERCEIRO
DE MÁ-FÉ.
A recorrida celebrou contrato
particular de permuta de imóveis com um consórcio de construtoras no qual
asseverou que cederia um terreno e receberia em troca, após a construção do
edifício, alguns apartamentos e lojas comerciais. Em outra cláusula, as partes
estipularam condição resolutiva, com a determinação de que, em caso de
inadimplemento, deveria ser restabelecido o status quo ante.
Posteriormente, em cumprimento a uma terceira cláusula contratual, houve a
outorga de escritura pública de compra e venda do terreno destinado à construção
em face do consórcio, sem qualquer referência à citada cláusula resolutiva. As
obras de construção do edifício não foram concluídas, ocorrendo o inadimplemento
da avença. Apesar disso, a construção inconclusa foi vendida para a recorrente,
sendo o imóvel registrado em seu nome. No intuito de desfazer o negócio
jurídico, a recorrida propôs ação de rescisão do contrato de permuta de imóveis
entabulado com o consórcio e anulação do contrato de compra e venda deste com a
recorrente. Para o Min. Relator, está com razão o tribunal a quo, que
apreciou os fatos em conformidade com o CC de 1916, que prevalecia à época: não
houve prescrição ou decadência quadrienal da ação para anular o contrato de
compra e venda realizado pela recorrente e pelo consórcio por vício de dolo,
pois a ação foi proposta no mesmo ano do contrato que visa anular. Além disso, o
STJ não pode infirmar a conclusão de que a recorrente tinha ou podia facilmente
ter tido conhecimento dos problemas envolvidos na alienação do imóvel e mesmo
assim assumiu os riscos envolvidos, sem revolver o conjunto fático-probatório
constante dos autos, violando a Súm. n. 7/STJ. Ademais, a presunção de
veracidade dos registros imobiliários não é absolta, mas juris tantum,
admitindo-se prova em contrário da má-fé do terceiro adquirente.
REsp 664.523-CE, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 21/6/2012.
CDC. RESPONSABILIDADE CIVIL. PROVEDOR DE INTERNET. ANÚNCIO ERÓTICO.
O recorrente ajuizou ação de indenização por danos
morais contra a primeira recorrida por ter-se utilizado do seu sítio eletrônico,
na rede mundial de computadores, para veicular anúncio erótico no qual aquele
ofereceria serviços sexuais, constando para contato o seu nome e endereço de
trabalho. A primeira recorrida, em contestação, alegou que não disseminou o
anúncio, pois assinara contrato de fornecimento de conteúdo com a segunda
recorrida, empresa de publicidade, no qual ficou estipulado que aquela
hospedaria, no seu sítio eletrônico, o site desta, entabulando cláusula
de isenção de responsabilidade sobre todas as informações divulgadas. Para a
Turma, o recorrente deve ser considerado consumidor por equiparação, art. 17 do
CDC, tendo em vista se tratar de terceiro atingido pela relação de consumo
estabelecida entre o provedor de internet e os seus usuários. Segundo o
CDC, existe solidariedade entre todos os fornecedores que participaram da cadeia
de prestação de serviço, comprovando-se a responsabilidade da segunda recorrida,
que divulgou o anúncio de cunho erótico e homossexual, também está configurada a
responsabilidade da primeira recorrida, site hospedeiro, por imputação
legal decorrente da cadeia de consumo ou pela culpa in eligendo, em
razão da parceria comercial. Ademais, é inócua a limitação de responsabilidade
civil prevista contratualmente, pois não possui força de revogar lei em sentido
formal. REsp 997.993-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
21/6/2012.
DANO MORAL. APONTAMENTO DE TÍTULO PARA PROTESTO. PESSOA JURÍDICA.
O simples apontamento de título a protesto sem o
efetivo registro não gera dano moral. Isso porque, após a protocolização do
título, o devedor tem a oportunidade de pagar a dívida ou sustar o protesto,
antes de este ser lavrado e registrado, não configurando, portanto, nenhum
constrangimento. Ademais, não há publicidade do ato quando a intimação é feita
diretamente no endereço indicado pelo credor, via portador do tabelionato,
correspondência registrada ou com aviso de recebimento, como no caso. Além
disso, por se tratar de pessoa jurídica, é necessária a violação de sua honra
objetiva para caracterizar o dano moral. Assim, não havendo publicidade de
informações lesivas à sua reputação, a indenização não é cabível. Precedentes
citados: REsp 1.017.970-DF, DJe 5/9/2008; REsp 793.552-RS, DJ 27/08/2007, e REsp
60.033-MG, DJ 27/11/1995. REsp 1.005.752-PE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
26/6/2012
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